
Ele, um garoto tímido, gostava muito de ler, cultivava a sua sabedoria. Ela gostava da sair com as amigas. Mundos totalmente opostos, mas que ao mesmo tempo se atraíam. Ela gostava dos seus olhos castanhos e cabelo penteado para o lado com gel. Ele gostava dos seus brilhantes cabelos cacheados e seu sorriso encantador. Quando ele chegava perto dela, ela sentia um estranho arrepio; ele não sabia o que dizer, mas ao mesmo tempo, aquele silêncio entre eles significava muito mais do que palavras. Bom, esse sentimento durou algum tempo até que "conseguissem" se comunicar, quer dizer, esta era uma reação totalmente diferente do perfil dela, mas ele, já era de se esperar! Continuaram a se encontrar durante muito tempo. Realmente os melhores quatro anos da vida deles, e quando ela menos esperava, ele a pediu em casamento. A felicidade dos dois era intensa. Ele chegava em casa em torno das 18h30min, enquanto ela já estava em casa a sua espera.
Ele gostava daquela tranqüilidade de poder admirar a Redenção pela janela do seu quarto enquanto lia seus livros.
Certa vez, ele chegou do trabalho, largou a pasta em cima do sofá, foi até a cozinha, abriu a geladeira, tomou alguma coisa e se dirigiu ao quarto. Estranhou ao ver um par de sapatos de bebê sobre a cama, mas sabia o que aquilo significava.
Foram os oito meses e meio mais ansiosos da vida dele. Logo, nasceu uma linda menina. Conforme ela crescia, as contas da casa também cresciam. Ele ficava decepcionado, pois não podia mais chegar em casa e abrir um livro para ler. Mas ele agora era pai.
Aqueles anos se passaram muito rápido, e de repente, viu-se com 47 anos, cabelos brancos sobre a cabeça, e sua filha, com 21 anos, responsável, e mais bonita impossível, lembrava muito a mãe quando tinha aquela idade. Agora ela estava saindo de casa.
Ao ver a filha, lembrou de sua juventude, e como agora seu mundo estava totalmente diferente, pois ele nunca se imaginara um grande administrador, quase se aposentando, e pai de família. Mas uma coisa ele tinha certeza que permanecia igual, e que nunca iria mudar, o amor que sentia por sua mulher, desde que a viu.
E, finalmente, ele agora podia chegar em casa e ler seus livros.